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Jornais

Reportagens Comentadas

Aqui, você encontra algumas reportagens completas presentes nas edições do jornal Panorama. Para dinamizar ainda mais a sua leitura, incluímos trechos das entrevistas realizadas até o momento referentes às reportagens.

O que o londrinense pensa da vida?

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Em meados dos anos 1970, Londrina era uma cidade jovem e libertária para os padrões paranaenses. Comparada à sua irmã mais velha, Curitiba, era audaciosa como São Paulo. Mas o sustento vinha da terra roxa, uma das mais férteis do país para o plantio de café, e do tradicionalismo. Os ares de vanguarda, em oposição ao provincianismo – nas palavras de Elvira Alegre –, atraíram gente de todo o país, com promessas de prosperidade. 

O ambiente também era propício para o movimento sindical, com a força dos trabalhadores do campo, e para os estudantes – a Universidade Estadual de Londrina (UEL) foi palco de momentos memoráveis para

a luta estudantil. No teatro, música, artes plásticas e literatura Londrina foi proeminente e exportou nomes para o resto do país. A ebulição da cidade, entretanto, teve seus reveses. O crescimento acelerado resultou também em pobreza e formação de periferias.

A reportagem O que o londrinense pensa da vida? foi feita a partir da pesquisa encomendada pelo Panorama ao Instituto Gallup de Opinião Pública. São explorados temas ligados às relações de trabalho, relacionamentos, economia e expectativas para o futuro. Nas respostas, a divisão por classe oferece ao leitor perspectivas desiguais sobre a cidade e as diferenças entre o que é – e como cada um podia – ser londrinense. São vistas de um cidadão “que diz que lê Joyce em inglês, mas não lava a louça”, como cravou Domingos Pellegrini.

Boia-fria

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Em 1974, Célia Regina de Souza ingressou na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e na comunicação. No movimento estudantil, fez o jornal Poeira, um dos mais relevantes no circuito universitário da época. No ano seguinte, quando o dream team desembarcou no norte paranaense, Célia esteve entre os jovens que se candidataram para trabalhar no periódico.

Boia-fria, seu texto de estreia, é construído em torno da inserção da repórter no cenário da reportagem. Célia viveu como um boia-fria por dois dias, e relatou a aventura em primeira pessoa. O estilo gonzo, como é chamado, já foi apontado como filho bastardo do new journalism. A experiência também reflete as relações de

gênero presentes na sociedade e nas redações dos anos 1970.

A matéria – curiosa e estrategicamente – está no caderno Economia, e não Aventura. O Brasil era o maior produtor de café do mundo, e o Norte do Paraná o maior produtor de café do Brasil. Em março, quando a primeira edição do Panorama foi às bancas, o café já dividia as plantações londrinenses com a soja. A Geada Negra, em 18 de julho, selou a mudança nas lavouras e gerou um êxodo de cerca de 2,6 milhões de pessoas. 

O jornalismo não vingou de todo para Célia, mais interessada nas movimentações políticas. Deixou a redação com os veteranos do eixo Rio-SP: “Trabalhei na imprensa alternativa, no jornal Movimento, fui editora da Gazeta de Pinheiros, trabalhei em rádio, em tudo, mas o que eu gosto é de organizar um movimento, adiantar o Carnaval e inaugurar um monumento”. 

DESGRACIDO!

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O perfil de João Milanez, por ninguém menos que João Antônio, é um prato cheio de ironias e mostra do melhor em conto-reportagem. O autor revela as idiossincrasias do fundador e diretor da Folha de Londrina – principal concorrente do Panorama, com larga vantagem em vendas e popularidade.

Além do depoimento do próprio perfilado, o texto Desgracido! É arquitetado em constante oposição à fala de desafetos de Milanez. Nas entrevistas, os jornalistas lembraram a repercussão entre os londrinenses, que poderiam não compreender as intenções do texto em sua forma, linguagem e conteúdo.

O gênero conto-reportagem foi inaugurado pelo próprio João Antônio, na Realidade, em 1968 – quando já era um dos maiores jornalistas e escritores do país. O título foi concedido pelos colegas de redação da revista em reconhecimento aos textos que transitavam entre o literário e jornalístico. O conto-reportagem se tornou, por excelência, a linguagem da Realidade.

Para José Trajano, além deste perfil, outros dois trabalhos de João Antônio “balançaram o coreto da cidade”. Um deles expõe uma sessão da câmara de vereadores de Londrina, nos moldes do conto-reportagem, investindo nas ações que nunca antes haviam sido relatadas por outros veículos, como os cacoetes dos edis e a descrição do ambiente.

Olá, professor! Há quanto tempo, de 1975, registrou a volta do antropólogo Darcy Ribeiro do exílio, com o aval da ditadura, para tratar um câncer. O texto foi republicado por outros veículos e se tornou um marco na literatura sobre o tema.

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